segunda-feira, 4 de abril de 2016

No próximo dia 26 de abril assinala-se a passagem de 100 anos sobre a morte de Mário de Sá-Carneiro, um nome fundamental da literatura portuguesa do século XX. Neste contexto de efeméride, é mais do que justificada a escolha de Mário de Sá-Carneiro para autor em destaque neste mês.
Mário de Sá-Carneiro, poeta e ficcionista, é, com Fernando Pessoa e Almada Negreiros, um dos principais representantes do Modernismo português. Nasceu em Lisboa, a 19 de maio de 1890, e morreu precocemente a 26 de abril de 1916. Iniciou os seus estudos de Direito na cidade de Coimbra, tendo partido depois para Paris para continuar os seus estudos, que acabaria por abandonar pouco depois por se ter deixado seduzir por uma vida desregrada e de boémia. De temperamento instável e inadaptado, dedicou-se, na capital francesa, à produção de grande parte da sua obra poética. Os poemas que edita no primeiro número de Orpheu são significativos da sua adesão à nova estética modernista, ao mesmo tempo que a publicação de "Manucure", no segundo número de Orpheu, revela uma incursão por uma forma poética mais próxima da escrita da vanguarda futurista, em grande voga na Europa. Já antes de Orpheu, a colaboração de Mário de Sá-Carneiro na revista Renascença (1914) com a edição de Além colocara a sua experiência poética na charneira entre a herança simbolista e as tentativas paúlicas e interseccionistas. Mário de Sá-Carneiro constitui ainda um paradigma da prosa modernista portuguesa pela publicação das narrativas Céu em Fogo A Confissão de Lúcio. O seu suicídio, aos 26 anos (em 1916, em Paris), deu-lhe uma aura de poeta maldito, que deixaria um forte ascendente sobre a poesia das gerações posteriores à sua. Com efeito, a mensagem poética do autor de Indícios de Oiro ecoa postumamente na literatura presencista da geração de 50 e até surrealista, passando por nomes tão diversos como Sebastião da Gama, Mário de Cesariny ou Alexandre O'Neill.
Para quem quiser conhecer um pouco melhor a obra de Mário de Sá-Carneiro, haverá, durante o mês de abril, uma pequena exposição de obras suas na Biblioteca Escolar da sede. Seguindo esta ligação, encontrarão alguns dos mais conhecidos poemas do autor.